Avanços da Indústria Farmacêutica e os Desafios Regulatórios da ANVISA frente as Inovações em Nanotecnologia e Formulações Lipossomais
Resumo
O avanço da nanotecnologia na indústria farmacêutica transformou a forma de desenvolver e entender medicamentos, impondo um desafio à aprovação da comercialização e dos sistemas de farmacovigilância. No Brasil, um dos exemplos clássicos que impôs uma revisão na regulamentação da farmacovigilância foi a tecnologia da encapsulação lipossomal peguilada do fármaco doxorrubicina, uma formulação capaz de reduzir a cardiotoxicidade e melhorar a segurança no tratamento de diversos cânceres. Ao contrário do fármaco convencional, o encapsulamento de fármacos em formulações de liberação controlada lipossomal peguilada administrado por via parenteral depende de diversos parâmetros, como tamanho das nanopartículas, composição lipídica e estabilidade do lipossoma, os quais determinam como o medicamento circula, se distribui e age no organismo. Pequenas mudanças nessas características podem alterar substancialmente os parâmetros farmacocinéticos e modificar a eficácia e segurança do medicamento. Quando esse nanomedicamento começou a ser utilizado, ficou claro que a regulamentação existente da ANVISA, disponível para produtos tradicionais, não era suficiente para avaliar tecnologias tão complexas. Nesse sentido, medicamentos genéricos e similares aparentemente semelhantes poderiam se comportar de maneira totalmente diferente no organismo humano. Isso motivou uma revisão das normas, levando a agência a incorporar exigências específicas para caracterização físico-química, avaliação de equivalência e controle rigoroso de qualidade. A história da doxorrubicina lipossomal peguilada marcou, assim, um momento de aprendizado e adaptação. Ela mostrou que a inovação científica também exige evolução regulatória. Desde então, a ANVISA vem fortalecendo suas diretrizes para garantir que novos nanomedicamentos sejam avaliados com o cuidado que sua complexidade demanda, protegendo a segurança do paciente e acompanhando o ritmo da ciência. Palavras-chave: Nanomedicamentos lipossomais. Via parenteral. Bioequivalência. Medicamentos genéricos e similares.
Abstract
The advancement of nanotechnology in the pharmaceutical industry has transformed the way medicines are developed and understood, posing new challenges for marketing approval and pharmacovigilance systems. In Brazil, one of the classic examples that prompted a revision of pharmacovigilance regulations was the technology of PEGylated liposomal encapsulation of doxorubicin, a formulation capable of reducing cardiotoxicity and improving safety in the treatment of various cancers. Unlike conventional drugs, the encapsulation of active substances in PEGylated liposomal controlled-release formulations administered parenterally depends on several parameters, such as nanoparticle size, lipid composition, and liposome stability, which determine how the medicine circulates, is distributed, and acts in the body. Small changes in these characteristics can substantially alter pharmacokinetic parameters and modify the drug’s efficacy and safety. When this nanomedicine began to be used, it became evident that the existing ANVISA regulations, designed for traditional pharmaceutical products, were insufficient to assess such complex technologies. As a result, generic and similar medicines that appeared alike could behave entirely differently in the human body. This realization motivated a revision of regulatory standards, leading the agency to incorporate specific requirements for physicochemical characterization, equivalence assessment, and rigorous quality control. The history of PEGylated liposomal doxorubicin thus marked a moment of learning and adaptation, demonstrating that scientific innovation also demands regulatory evolution. Since then, ANVISA has strengthened its guidelines to ensure that new nanomedicines are evaluated with the level of scrutiny their complexity requires, protecting patient safety while keeping pace with scientific progress. Keywords: Liposomal nanomedicines. Parenteral administration. Bioequivalence. Generic and similar medicines.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 ACTA MSM - Periódico da EMSM

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Essa licença permite que outros façam download dos seus trabalhos e os compartilhem desde que atribuam crédito a você, mas sem que possam alterá-los de nenhuma forma ou utilizá-los para fins comerciais.


